Onde é a saída?
Criamos há dois anos um projeto que se chama "Onde é a saída?". Essa perguntinha básica vinha de discussões sobre o cenário político e sobre as relações de maneira geral, porque ao final das contas não vemos nenhuma grande saída além daquelas que são óbvias, mas ninguém quer por em prática, tanto na política como nas relações. E agora, mais do que antes, a pergunta nos cai como uma luva.
Onde é a minha saída de hoje diz respeito a um trabalhador comum, que digamos planta cana ou vende tomate, ou pinta paredes, é professor, acostumou-se a ensaiar em salas de dança, embora sempre tenha dançado em casa, e de repente alguém diz: "me manda seu projeto pelo direct no insta".
_ Claro, daqui a pouco, só preciso ver como faz.
Estamos realizando este trabalho em meio à pandemia da COVID-19. Em quarentena e isolamento social há mais de um mês (hoje é 01/05/2020 - dia do trabalho, das trabalhadoras e trabalhadores) esse é um dos meus primeiros ensaios, gravado pela câmera do celular, presa a um tripé. Parti da nossa primeira grande pergunta norteadora "onde é a saída?" e do primeiro ensaio que me foi enviado pelo Renato Vasconcelos. Despretensiosamente, os movimentos partem do que o ambiente e as condições dele me permitiram fazer. Sem cortes, sem edição. O cenário é em minha casa, em Mauá, não sei se já ouviram falar.

(O nome da música está na descrição do vídeo no YouTube. Conheci essa banda numa aula na Escola Livre de Dança de Santo André. Colegas utilizaram no trabalho final de uma disciplina sobre Laban.)
MERDA E OURO
Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada.
pdf
Clique no ícone para baixar "argumento contra argumento" - por Renato Vasconcellos
Entre portas e janelas, e windows, e plataformas. Vídeos longos, curtos, angústia, tédio. Mo-no-to-ni-a. Não sei do que estão falando. Neste ambiente onde tudo o que temos é a tela de um computador, cenários e figurinos caseiros, chamadas de vídeo, EAD e tudo mais que for à distância. Uma pandemia acontecendo, muitas questões, poucas saídas, só janelas do Windows pra nos convencer que é possível... E é. Está sendo. Mas como isso tudo pode ser entediante? Uma correria maluca pra dar conta do recado, das novas ferramentas, da nova forma de vida, novos desafios, "os mais não sei o quê é que vão se destacar", "busque inovação", "saia na frente", "veja quais negócios estão prosperando em pleno isolamento social", e a gente ainda não consegue ver um vídeo com mais de dois minutos e nem ler um texto de mais de 20 linhas?
As danças feitas neste projeto vão dialogando entre si de maneira que os elementos que cada um de nós utiliza reaparece em novos vídeos numa tentativa de criar uma narrativa própria, sem no entanto estarmos presos a esses elementos como se eles fossem balizadores universais da composição. Luzes, sombras e invisibilidades nos interessam.
Entrevistas
Início
Em construção...
JOANA
Algumas referências